quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"uma pessoa para se tornar pessoa, a mãe dá um olhar que espelha a criança como pessoa" - Winnicott

O sujeito saudável para Winnicott transita com a realidade, brinca, joga, mas não é um submisso - porque se assim o fosse, não teria filhos, por exemplo. Nos mantemos vivos, pois temos onipotência ligada à realidade, isto adquirido com o tempo e maturidade. Pra iniciar, a experiência onipotente precisa acontecer. E pra isso, o seio da mãe tem que chegar na hora certa. Isso nem sempre ocorre, mas diante de algumas frustrações, há os momentos que compensam e o bebê vai se moldando àquela mãe e confiando na realidade que lhe é colocada.

O indivíduo esquizofrênico, para Winnicott, tem um pensamento onipotente que vem dessa falta. Do momento que não aconteceu e por várias e várias frustrações, o bebê tende à fechar-se em si, na psicose. Como já citado em algum post, alguém só pode ser alguém se há o cuidado do outro - alguém que vá de encontro. Assim, o psicótico é que é submetido à realidade. Esta, como é difícil, não se resolve, paralisa.

A pessoa que sofre de um transtorno depressivo costuma ter uma visão mais realista. Já o indivíduo bem e saudável consegue transitar a realidade, sem ser sugado por ela. Provavelmente uma pessoa com esperança: "No final vai dar tudo certo". E normalmente, dá tudo certo.

A psicose, então, não é excesso de loucura, mas falta de onipotência segundo o pensamento winnicottiano. A falta do sentimento de proteção que é falha de uma maneira muito radical. Para Winnicott, a psicose é fruto de uma deficiência ambiental. A mãe ou o cuidador mais próximo é esse fruto. No entanto, desempenhar o papel materno de maneira adequada não depende somente disso. A maternagem é um vasto campo até mesmo transgeracional (politicamente, socialmente, etc), já que para uma mulher ter tranquilidade para um bebê, necessita estar numa situação confortável.

Para Winnicott, uma pessoa para se tornar pessoa, a mãe dá um olhar que espelha a criança como pessoa.


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