segunda-feira, 20 de setembro de 2010

'Interpretar é dar ao sonho um sentido" - Sigmund Freud.

Um tempo pro atual deslumbramento por Winnicott, irei pra outra inspiração: o livro A interpretação dos Sonhos de Freud. Com certeza, um dos melhores, mais reveladores de sua obra. Estou relendo e, como todo bom livro, deparando-me com coisas que me encantam.

Freud deixou claro que "interpretar" não era no sentido fechado, único e final. Mas justamente na busca de um sentido aos próprios sonhos. Para ele todos os sonhos querem dizer algo. Já nos primórdios da humanidade eles eram considerados premonitórios e, muitas vezes, tidos como reveladores de segredos. Nessa tentativa do mundo pelo interesse na interpretação dos sonhos, Freud coloca que haveria dois métodos:

a) 'Interpretação simbólica dos sonhos': considera o conteúdo do sonho como um todo e procura substituí-lo por outro conteúdo que seja inteligível. Segundo o autor, esse método cairia por terra diante de sonhos mais confusos.

Aristóteles, segundo Freud, já dizia que o melhor intérprete dos sonhos seria o homem mais capaz de apreender as semelhanças, pois as imagens oníricas, como as imagens na água, são deformadas pelo movimento e o intérprete de maior êxito é o homem que consegue identificar a verdade a partir da imagem deformada.

b) o segundo dos métodos mais populares é o da 'Decifração': trata os sonhos como uma espécie de criptografia em que cada signo poderia ser traduzido por outro de significado conhecido de acordo com um código fixo - como naqueles livros em que se consultam os sonhos à procura de seus significados. Assim, segundo estas fontes, ao sonharmos com um dente caindo, alguém próximo poderá falecer ou ficar muito doente. Esse método não analisaria, contudo, o sonho como um todo, mas como se fosse um conglomerado em que cada fragmento exigisse interpretação isolada.

Nenhum dos dois métodos convencera Freud e, por isso, não poderia ser empregado numa abordagem científica do assunto. Para o autor, necessitaria um método científico para poder interpretá-los. Essa necessidade em deslindar os sonhos e caminhar para esse estudo, deu-se à partir da análise das estruturas psicopatológicas, como as fobias, histerias, idéias obsessivas e afins. Seus pacientes assumiam o compromisso de lhe comunicar todas as idéias ou pensamentos que lhes ocorressem em relação a um assunto específico. Entre outras coisas, narravam-lhe sonhos. Foi quando Freud descobriu que estes poderiam ser inseridos na cadeia psíquica e rastreados a partir de uma idéia patológica.

No próximo post será abordado o deslindar dessa descoberta.



Nenhum comentário:

Postar um comentário