quinta-feira, 23 de setembro de 2010

'O sonho é a realização de um desejo' - Sigmund Freud.

Freud foi bastante enfático ao concluir que os sonhos não são fenômenos absurdos, destituídos de sentido ou maluquices nossas. Para ele, são fenômenos psíquicos "de inteira validade - realização de desejos." (p. 141). E são produzidos por uma atividade mental bastante complexa. Após a análise de vários sonhos de seus pacientes e de sonhos próprios, Freud ressalta: "Encontramo-nos em plena luz de uma súbita descoberta". (p. 141).

Diante de tal deslumbramento, Freud também se viu diante de muitas questões pelas quais teria que resolver e convencer: interpretar os sonhos era possível e continha uma cientificidade. E provar que os sonhos se revelavam sem qualquer disfarce, como realizações de desejo, era algo fácil. E dá o exemplo de quando comemos algo muito salgado e sentimos sede à noite. Na necessidade de despertar, o sonho ainda tenta resguardar o sono ao se sonhar que estamos engolindo a água em grandes goles e com um delicioso sabor. O sonho revelaria o desejo de beber e tal desejo é por assim dizer realizado. Caso consiga aplacar a sede sonhando que se está bebendo, não seria preciso despertar para beber água.

Já as crianças sonhariam com substratos de pura realização de desejos. Nos adultos os sonhos revelariam também o levantamento de problemas que necessitariam ser solucionados, mas a natureza essencial representaria a realização de desejos. No entanto, o autor comenta que nos sonhos de angústia parece impossível asseverar tal afirmação. Prontamente explica: "É necessário apenas observar o fato de que minha teoria não se baseia numa consideração do conteúdo manifesto dos sonhos, mas se refere aos pensamentos que o trabalho de interpretação mostra estarem por trás dos sonhos." (p. 152)

Descobriu-se, contudo, que nos sonhos haviam conteúdos manifestos e latentes. O que levou a crer que, por mais angustiado e aflitivo o sonho parecesse, uma vez interpretados, revelariam-se como realizações de desejos. Por quê então haveria tal distorção? Freud revelaria que isso ocorria por conta de nossas defesas. Um defesa contra o desejo, por exemplo, de querer "matar" algúem. O superego numa mente saudável condena tal atrocidade, mas nos sonhos, mesmo em disfarce, tudo é possível. E graças às defesas o desejo é incapaz de se expressar à não ser de forma distorcida.

O autor ainda comenta que se faz isso quase todos os dias, em nosso cotidiano, utilizando-nos da dissimulação. Seria um paralelo social ao disfarce de atos psíquicos que se gostaria de realizar e concretizar.







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