Há algum tempo ando lendo muito sobre Winnicott e gostando cada vez mais. Suas teorias são baseadas em experiências clínicas e talvez por isso sejam tão objetivas e certeiras, mas também tão profundas.
Winnicott discute a sanidade por um viés bonito. Elucida dizendo que ser são é ter a capacidade de se manter lúdico diante da vida. Conseguir desenvolver o potencial de evocar a infância e suas brincadeiras, usufruir da vida com mais liberdade, mesmo que isto não resolva seus mistérios. Em miúdos: ser livre, lúdico e gozando dos prazeres.
É um autor cujas descobertas incluíram a importância do ambiente pelo qual estamos inseridos. No entanto, com sua profundidade, era cheio de crenças (inclusive religiosas). Um dos únicos teóricos que tornou possível essa junção entre a crença, a religião e a psicanálise. Em um dos seus artigos, comentou: "quero ser eu mesmo e me comportar bem". Ou seja, conforme seu modo de ser no mundo, suas crenças, mas sempre levando em conta o outro.
quem ele era:
Donald Woods Winnicott nasceu em 1896 numa rica família de comerciantes em Plymouth, na Inglaterra. Conviveu com a presença de uma mãe sufocante e depressiva, o que talvez o tenha influenciado na escolha pela faculdade de medicina e enveredado pelo caminho da psicanálise. Quando ainda criança, lia muito sobre ciências e sobre as teorias naturalistas de Charles Darwin.
Quando iniciou na faculdade de medicina, foi convocado para servir como enfermeiro na Primeira Guerra Mundial, na qual fez as primeiras observações sobre o comportamento humano em situações traumáticas. Especializou-se em pediatria, trabalhando 40 anos em um Hospital Infantil. Paralelo a isto, preparou-se para ser psicanalista. Conheceu as obras de Sigmund Freud, começou a fazer terapia e a participar do grupo de estudos de Bloomsbury - integrado, entre outros, pela escritora Virginia Woolf - em que a psicanálise era tema recorrente. Trabalhou como consultor psiquiátrico do governo, tratando de crianças afastadas dos pais na Segunda Guerra Mundial. Dessa experiência, nasceu grande parte de suas obras. Foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise e morreu em Londres, em 1971.
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