Continuando sobre a Interpretação dos Sonhos, Freud coloca algo interessante para os que querem levar seus sonhos para o terapeuta. Segundo ele, deve haver alguma "preparação psicológica" da parte do paciente. Basicamente duas mudanças devem ocorrer: um aumento da atenção dispensada às próprias percepções psíquicas e a eliminação da crítica pela qual se filtra os pensamentos que lhe ocorrem.
Freud coloca que é necessário um determinado esforço para que se renuncie à crítica quanto aos pensamentos que vierem à tona. E comenta: "(...) não cair no erro, por exemplo, de suprimir uma ideia por parecer-lhe sem importância ou irrelevante, ou por lhe parecer destituída de sentido" (p. 123). Os pacientes devem adotar uma atitude inteiramente parcial, pois isso é o que irá permitir se chegar ao que o inconsciente necessita denotar. Seja um desejo, uma ideia obsessiva ou afim.
"Tenho bservado, em meu trabalho psicanalítico, que todo o estado de espírito de um homem que esteja refletindo é inteiramente diferente do de um homem que esteja observando seus próprios processos psíquicos. Na reflexão, há em funcionamento uma atividade psíquica a mais do que na mais atenta auto-observação, e isso é demonstrado, entre outras coisas, pelos olhares tensos e o cenho franzido da pessoa que esteja acompanhando suas reflexões, em contraste com a expressão repousada de um auto-observador". (p. 123 e 124)
"Tenho bservado, em meu trabalho psicanalítico, que todo o estado de espírito de um homem que esteja refletindo é inteiramente diferente do de um homem que esteja observando seus próprios processos psíquicos. Na reflexão, há em funcionamento uma atividade psíquica a mais do que na mais atenta auto-observação, e isso é demonstrado, entre outras coisas, pelos olhares tensos e o cenho franzido da pessoa que esteja acompanhando suas reflexões, em contraste com a expressão repousada de um auto-observador". (p. 123 e 124)
Belo ensinamento do Dr Freud. Ao refletir, colocamos a crítica em primeiro plano, o que minaria nossa capacidade em sermos neutros e parciais em relação aos nossos pensamentos advindos do inconsciente. A auto-observação, o deixar vir o fluxo de idéias possibilitaria a interpretação. Freud cita o poeta e filósofo Friedrich Schiller, que coloca que a criação poética exigiria essa mesma atitude e diria: "Parece ruim e prejudicial para o trabalho criativo da mente que a Razão proceda a um exame muito rigoroso das idéias à medida que elas vão brotando (...)". (p. 125)
Em miúdos, entende-se contudo, que analisar um sonho é como que um abrir-se para a arte que está por vir de nosso inconsciente. Aliás, a arte é um recurso advindo do insconciente, por isso deve correr solta e livre de julgamentos para que ela possa se mostrar e vir á tona do criador. Para Freud essa atitude acrítica não seria nada difícil. E foi muito bem-vida e fácil para seus pacientes após primeiras instruções.
Como um tema de extrema importância, dar-se-á continuidade em próximo post para que não se torne cansativo.
*referência bibliográfica: A interpretação dos Sonhos (parte I), volume IV,1900. FREUD, Sigmund. Editora Imago.
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